Design brasileiro marca presença em edição marcada pelo conforto e inovação no Salone del Mobile.Milano 2025

A 63ª edição do Salone del Mobile.Milano consolidou, entre os dias 7 e 13 de abril, o protagonismo da capital italiana como centro global do design contemporâneo. Com mais de 2.100 expositores de 37 países e programação cultural extensa dentro e fora dos pavilhões da Fiera Milano, o evento destacou o design como linguagem universal de bem-estar, inovação e responsabilidade ambiental — refletindo o mote desta edição: Thought for Humans.

No iSaloni e Fuorisalone, a presença brasileira foi significativa. Uma delegação de 90 marcas, coordenada pela ApexBrasil e Abimóvel, levou ao público internacional a diversidade de propostas nacionais, com destaque para soluções autorais e sustentáveis. A Tidelli, referência em mobiliário outdoor, marcou presença nos dois polos do evento: no iSaloni, apresentou a poltrona Serelepe, criada por Júlia Tainá; no Fuorisalone, ocupou o showroom da ArteCasa com a coleção Pentagramma, assinada pelo artista italiano Francesco Maccapani Missoni.

Inspirada na agilidade de um pequeno roedor típico da América do Sul, a poltrona Serelepe combina formas fluidas, madeira e cordas náuticas, traduzindo o movimento e o conforto em uma peça de design orgânico. Já a coleção Pentagramma aposta em tramas multicoloridas e padronagens que remetem às composições musicais, aliando estética e ritmo em doze estampas diferentes.

As criações brasileiras se integraram naturalmente às tendências que dominaram os pavilhões em 2025: interiores silenciosos, formas acolhedoras e materiais naturais marcaram os lançamentos de grandes marcas internacionais como Edra, Minotti, Porro e Visionnaire. Sofás e poltronas ganharam novas dimensões — mais largas, curvas e versáteis — reafirmando o conforto como premissa de projeto. Os estofados foram revestidos com bouclés, veludos e couros naturais, e combinados a estruturas modulares pensadas para o lazer, o trabalho e o descanso.

A cerâmica, material tradicionalmente associado ao artesanato, reapareceu como peça de destaque nas coleções colecionáveis de marcas como Bosa, Bitossi e Atelier Vierkant. Totens esculturais e peças de forte apelo visual tomaram conta dos estandes, misturando design industrial e arte contemporânea. A proposta de ressignificação dos objetos do cotidiano também se refletiu nas instalações imersivas pela cidade — como Library of Light, de Es Devlin, e La dolce attesa, de Paolo Sorrentino — que reforçaram o diálogo entre tecnologia, cultura e emoção.

Nesse contexto, a presença brasileira se destacou não apenas pelo número expressivo de participantes — 90 marcas, sendo 33 estreantes —, mas pela capacidade de dialogar com os principais eixos da feira: sustentabilidade, inovação e narrativas sensoriais. O uso de materiais como couro vegetal de abacaxi, borracha amazônica e cerâmica feita com resíduos da indústria têxtil reforçou o compromisso das marcas nacionais com soluções responsáveis e criativas.

Com a cidade tomada por exposições, painéis e experiências interativas, Milão reafirmou, mais uma vez, que o design é uma linguagem viva — e que o Brasil tem voz ativa nessa conversa.