Dos campos do Piauí à passarela: a trajetória de um algodão com história de transformação
A trajetória do algodão brasileiro que alia qualidade, rastreabilidade e responsabilidade socioambiental para conquistar mercados nacionais e internacionais
PorAni Sanders
5/14/2025

Modelo explora movimentos leves entre as plantas de algodão, capturando a fluidez e a textura natural da fibra (Foto: Acervo pessoal)
Quando comecei a plantar soja e algodão no Piauí, há mais de duas décadas, muita gente duvidava que fosse possível. Era um desafio e tanto: adaptar uma cultura exigente a um lugar novo, onde o clima é quente, a terra servia para a produção de adobe (tijolos de barro cru), exigindo cuidado, investimento na correção do solo e enfrentando infraestrutura escassa. Mesmo diante desses desafios, eu sempre acreditei. Fui aprendendo ao lado do meu marido, investindo em conhecimento, em pessoas, em tecnologia e, principalmente, acreditando no trabalho árduo do dia a dia — feito com responsabilidade social, respeito e amor pela terra.
A cada safra, fomos colhendo grãos, algodão e também reconhecimento. Hoje, o Grupo Progresso é referência na produção de alimentos e de fibra, e isso é motivo de muito orgulho. Mas, para mim, o mais importante não é apenas produzir em quantidade. É saber que estamos oferecendo algo de qualidade, com origem conhecida, cultivado com respeito ao meio ambiente, valorizando cada pessoa envolvida nesse processo e promovendo a transformação da nossa região.

O fotógrafo ajusta o enquadramento enquanto as modelos posam com looks da coleção “Campo Martha Medeiros – Mulheres de Fibra” (Foto: Acervo pessoal)
Nos últimos três anos, tenho me dedicado a mais um projeto desafiador. Tenho como meta trabalhar pelo posicionamento do algodão brasileiro. Mostrar para o Brasil e para o mundo que a nossa fibra, de altíssima qualidade, tem também outros diferenciais: é produzida com rastreabilidade, responsabilidade social e ambiental, e muito comprometimento. Não é só sobre vender algodão — é sobre contar a história de como ele chega até o consumidor final e qual o impacto dessa cadeia na vida das pessoas que tornam tudo isso possível, direta e indiretamente.
Um exemplo concreto desse trabalho é a parceria firmada com a marca Martha Medeiros, uma marca nacional de alto padrão no setor da moda, que vai usar o nosso algodão — certificado internacionalmente e rastreável — para criar peças de uma coleção com conceito. O Campo Martha Medeiros – Mulheres de Fibra, dentro da Fazenda Progresso, em Sebastião Leal (Piauí), é um símbolo de que a moda pode estar conectada ao campo, à sustentabilidade e à transparência de toda a cadeia — da semente ao produto final. A fibra colhida na safra passada, de uma área de 167 hectares, está sendo fiada em 100% algodão pela indústria têxtil Vicunha e repassada para a confecção das peças da marca de alto luxo. Isso é posicionar e valorizar a fibra natural do algodão — esse produto nacional — de forma autêntica e transformadora.

Equipe de produção percorre a passarela montada sobre o campo de algodão, ajustando luzes e cenários para o ensaio (Foto: Acervo pessoal)
Brasil como exportador
Com o apoio do Instituto Cultivar Progresso, da BASF/Fibermax, da Vicunha, da ABRAPA – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – e de demais parceiros, estamos fortalecendo o nosso algodão no mercado nacional e internacional. Atualmente, o Brasil é o maior exportador de algodão do mundo, enviando nossa fibra para grandes mercados como China, Egito, Paquistão e Índia. E o que queremos é que, cada vez mais, o mundo reconheça o valor do nosso algodão — não só pela qualidade, mas pela transformação social que ele representa no nosso país.
O Piauí tem um papel fundamental nisso. Está sendo pioneiro ao despontar com esse projeto. O nosso estado tem terras produtivas, gente trabalhadora e uma vontade — e perspectivas — enormes de crescimento no agronegócio brasileiro. Acredito que estamos construindo algo inovador para todo o setor, descortinando o agro: um setor produtivo que está em tudo — desde a produção de alimentos, cosméticos, biocombustíveis até a moda. O agro está em tudo, e precisamos mostrar para toda a sociedade essa importância — não só para o nosso presente, mas para o futuro do mundo e da população.

Ani Sanders, cofundadora do Grupo Progresso e presidente do Instituto Cultivar Progresso, em meio à safra de algodão na Fazenda Progresso, no Piauí (Foto: Acervo pessoal)
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