Prada compra Versace: o começo de uma nova era na moda de luxo
Aquisição bilionária marca o retorno da valorização do artesanato italiano e reposiciona a indústria frente aos desafios contemporâneos
PorLuanna Mandelli
4/28/2025

Donatella Versace, ex-diretora criativa da marca, no desfile de Primavera-Verão da Versace, na Semana de Moda de Milão (Foto: Marco Bertorello/AFP)
Após meses de especulação e negociações, o grupo Prada adquiriu a Versace por 1,25 bilhões de euros — o maior acordo do setor de luxo do ano. De todos os ângulos, essa transação parece extremamente benéfica para ambas as partes. Em meio ao caos econômico que se instaurou desde a implementação das tarifas comerciais por Donald Trump — um movimento que desestabilizou profundamente a indústria da moda, historicamente dependente da mão de obra barata asiática para aumentar suas margens de lucro —, essa aquisição representa um verdadeiro marco: o retorno à valorização da qualidade e da origem artesanal.

Alfaiataria minimalista com recorte preciso e styling urbano marca o DNA da Prada em sua nova fase (Foto: Reprodução/Prada)
Acredito que esta compra simboliza o início de uma nova fase para a moda: um resgate do orgulho pela arte da confecção e do verdadeiro artesanato. Um momento em que a exploração desenfreada no exterior começa a perder espaço, dando lugar à valorização da excelência e da tradição artesanal italiana. A icônica etiqueta "Made in Italy" se consolida, mais do que nunca, como símbolo da mais alta qualidade do mundo.
A estratégia da Prada é clara: nesta nova era econômica, globalização e exploração não são mais sinônimos de status ou inovação. O verdadeiro luxo agora é autenticidade, cuidado nos detalhes, e responsabilidade — tanto com o planeta quanto com os trabalhadores. Nesse contexto, as tarifas impostas por Trump, que a princípio pareciam uma ameaça, acabam se tornando um dos marcos dessa transformação: ao dificultar a importação de produtos baratos vindos da Ásia, abriram espaço para a sustentabilidade, ética e qualidade. Na prática, esses movimentos aceleram o declínio da Ásia como principal produtora de moda de luxo e reforçam a força da Itália.

Backstage da Versace exala o espírito da marca: sensualidade exuberante e atitude confiante. (Foto: Divulgação/Versace)
Além disso, a Prada tem se firmado nos últimos anos como um dos grupos mais relevantes na definição de tendências e influência dentro da indústria da moda — especialmente com o crescimento da Miu Miu, que vem dominando conversas, passarelas e redes sociais com coleções ousadas e inovadoras, que conversam diretamente com o público jovem e fashion-forward.

Drapeados marcantes e formas esculturais remetem ao luxo exagerado e teatral típico da casa Versace

(Fotos: Divulgação/Versace)
Do ponto de vista da Versace, essa decisão também é crucial. Donatella Versace, apesar de ser um ícone, tem enfrentado dificuldades em manter a marca criativamente relevante nos últimos anos, resultando em uma certa estagnação estética. A entrada da Prada pode ser justamente o impulso necessário para revitalizar a identidade da grife, trazer nova energia criativa e reposicionar a marca como uma potência dentro do cenário da moda de luxo — agora com um olhar mais refinado, ético e alinhado aos novos tempos.
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